sexta-feira, julho 09, 2004

Vazio...

Toda vez que escrevo é quando algo me incomoda muito, e essa “alguma coisa” eu não posso dizer à ninguém, porque ninguém entenderia. O difícil, e chato, de ser o que sou, é simplesmente isso, não posso desabafar ou tentar achar uma saída, pois o caminho do paraíso ninguém conhece.
Desde o começo do ano, estou me sentindo diferente. Parece que estou dentro de uma sala, cheia de gente, gritando por socorro e ninguém me escuta, ninguém me vê. Isso dói e machuca muito. Teve um tempo, que eu era o que as pessoas quisessem que eu fosse, mas isso não iria me dá futuro algum... então passei à me expressar, dentro de mim mesma, o que é mais estranho, pois não tenho à quem recorrer. Não é querendo ser a superior, mas as pessoas seguem um caminho já vivido, umas idéias já pensadas. Não sou assim, não quero viver uma vida limitada. Viver o que os outros já viveram, sentir o que os outros já sentiram... talvez aí seja o “x” da questão. Não sou igual à ninguém, talvez em alguns pensamentos filosóficos... mas o meu ser é diferente, e eu preciso me liberar e libertar as pessoas de seus pensamentos medíocres. Sabe, nesses últimos dias, eu encontrei uma pessoa, que parece me entender... pelo menos eu o entendo, e creio eu que a reciprocidade é verdadeira. Isso me conforta um pouco, não totalmente, mas já é um grande começo!
Preciso me ocupar de qualquer maneira, trabalhar, fazer cursos, ou sei lá o que. O importante é não ficar sem fazer nada, porque sempre que me encontro sozinha comigo mesma, mergulho em pensamentos e ideologias jamais alcançadas. Pelo menos não nessa época, não nesse milênio, gostaria que um dia alguém pegasse tudo o que escrevo e entendesse parte disso, e refletisse em cima de tudo que já vivi e escrevi aqui... no “meu diário”. Nunca gostei disso... de ter diário ou coisa parecida, gostaria de ter um amigo, assim, então não vejo o “diário” como um simpósio de idéias, mas como um confidente oculto, já que na realidade, não posso conversar ou me abrir com alguém. Já tentei isso milhões de vezes, mas não dá certo, as pessoas me recriminam por ser assim. Como se houvesse o certo e o errado. Isso é ilusão, se algum dia alguém chegar em mim comprovando isso, vou dar os parabéns! Estou com aquela sensação de vazio novamente, odeio sentir isso, acho que já escrevi isso anteriormente, mas fazer o que ?! Os sentimentos parecem um bumerangue você joga, mas depois eles voltam pelas costas. Que exemplo mais chulo esse meu... mas não estou conseguindo pensar direito, só escrevo aquilo que me dá na telha... ou melhor aquilo que eu vivo, ou sinto. Então talvez eu tenha que dar mais valor nisso... mas não consigo dar valor em algo que nesse exato momento não representa nada para mim. Não quero que as pessoas tenham pena, e também não quero ter pena de mim, mas às vezes sofro por algo que nem aconteceu... Isso é totalmente estranho! Estou ouvindo: Love in the afternoon (Legião Urbana). Sempre que escuto essa música, penso num futuro muito distante, sei lá, penso na minha morte, para onde vou, o que serei, e se algum dia alguém irá lembrar de mim. Nas vezes que penso em me matar, não é para fazer ninguém sofrer, mas para experimentar sensações diferentes, vê o que acontece mesmo quando alguém morre, e se possível saber se o universo é infinito ou finito, saber se existe céu ou inferno, se bem que eu não acredito e nenhuma das idéias, mas vale a pena tentar. Gostaria de encontrar grandes pensadores, que infelizmente não são da minha época... Enfim, gostaria de só por um momento, sair daqui, partir de fora de mim, viajar sem ao menos sair do lugar, e o resto não sei dizer. Como sempre vou terminar com uma frase: “Quando eu lhe dizia, me apaixono todo dia, sempre a pessoa errada...”

Layla Melo (layla_melo@hotmail.com)

Eu gostei muito do seu texto. É muito vivo, um verdadeiro desabafo. Eu já senti isso, ainda sinto, e com certeza irei sentir novamente. O bom que são apenas momentos, momentos de tristeza, momentos de alegria, de vergonha, ou angústia. São apenas momentos, isso você não deve esquecer (nem eu).

Leonardo Lobo

PS: Se quiser falar com a Layla, mande um e-mail, tenho certeza que ela irá gostar muito. Até logo...