quinta-feira, junho 15, 2006

Assunto a se tratar com uma garota

Pela primeira vez, em dois anos, passei de semestre (de SEMESTRE) na minha faculdade. É uma benção e uma maldição. Andei conversando com a minha mãe e cheguei a uma conclusão: o problema não é eu e sim meu curso. Minha faculdade é uma merda e meu forte não é matemática, apesar de estar fazendo um curso de Ciências Exatas. Apareceu a oportunidade de optar em trocar e ir fazer publicidade. Depois dessa rápida introdução, tenho algo a dizer sobre a ironia de toda essa história (sempre tem que ter uma): esse curso era o que eu queria fazer há dois anos atrás. Mas sabe por que não segui nessa idéia? Porque tive preguiça. Sim, preguiça. A minha universidade tem 3 campus: 2 aqui perto de casa (a alguns quarteirões) e uma longe pra cacete. Publicidade é na última. Dói, não? Não seguir seu sonho por puro medo de viajar grandes distâncias. Não. Eu não tenho medo de viajar grandes distâncias, simplesmente bateu preguiça. E preguiça é puro medo, no seu lado mais primitivo.

Pois bem, sem enrolar muito agora.

Conversei com minha mãe e contei como minha vida seria diferente se eu escolhesse seguir o meu instinto e não meu corpo. Talvez agora eu estaria com uma namorada, vivendo mais com meu pai (que faz um bom tempo que não vejo - ele mora perto desse campus), com uma vida menos monótona, e quiçá, mais saudável (estou gordo T_T).

Vamos por parte agora. Vou começar a entrar no assunto do tópico.

No último ano do ensino médio, eu amava uma garota com tanta paixão que até hoje uma pequena chama de saudade se acende quando penso em seu nome, em seu rosto, em seu olhar. Ô miserável destino, por que fostes tão cruel comigo? Ô miserável carne que cobre minha alma, por que parastes de se mover e a deixastes ir? Tenho uma alma forte em um corpo fraco, ou uma alma fraca que não sustenta um corpo tão forte. Minha mente já não suporta o tamanho fardo que é estar sem sua presença, ô algoz de meu espírito. Eu...

...

Opa, viajei.

Então. Eu poderia ter feito Publicidade, mas como disse, escolhi fazer Ciência da Computação por ser mais próximo da minha casa e por ser em uma área que eu tenho curiosidade em aprender. No dia do resultado, passei entre os 50 primeiros - fui o 49° - sem ao menos ter pegado no caderno no ano anterior (universidade particupar é foda). É uma alegria escutar o seu nome na rádio, meu Deus, como é bom. Finalmente você pensa que não é tão inútil o quanto lhe disseram que era. Que bom, finalmente tinha um futuro a seguir, até saber que ela passou, com louvor (foi a 48° de 50) no curso de Publicidade.

É sério. Que vontade deu de tentar trocar de curso. Que vontade deu de voltar no tempo, falar que a amava, trazê-la para minha casa e fazê-la mulher de uma vez. Mas, não!!!!!!!! Eu escolhi o curso errado, no campus errado, na cidade errada!!! - o campus fica em uma cidade vizinha de Belém.

Que merda!!!

Tinha tudo para conseguir alguma coisa com esta garota. Ela passava pelos mesmos problemas que eu, tínhamos tanto em comum. Até os mesmo defeitos: éramos tímidos, a ponto de negar nossa própria existência para não passar uma humilhante pergunta de "quer ficar comigo?". Bem, estou romantizando muito essa história. EU era quem estava afim dela, e não ela de mim - pelo menos é o que eu sempre achei. Descobri que ela tem alguns dos mesmos problemas que eu quando liguei para ela no dia do seu aniversário e a coitada disse que ninguém que não fosse da família tinha ligado, que ela tinha perdido da fé em todo mundo e blá, blá, blá... aquelas baboseiras que eu vivo falando por aqui. Era de noite, e ela tinha passado o dia chorando, T_T, e eu fui o único que havia ligado e dado os parabéns. Me diz, eu não sou uma boa pessoa? Eu me lembrei dela, poxa, o mínimo que eu poderia receber em troca era o seu amor eterno, mas não. Tive que me contentar com um "boa noite e tchau".

Voltamos agora para o momento que descobri que ela tinha ido para publicidade e eu para os quintos dos infernos da matemática - alguns meses depois a tal ligação. Estava tão anestesiado com a possibilidade de um "novo começo" que perdi contato com essa garota. Parei de infernizá-la, de ligar a cada 2 dias, de escutar sua voz em meus pensamentos e de vê-la nos mais eróticos dos meus sonhos. Sim, eu desisti de tentar. Como sempre faço. Desisti pelo fato de achar que estava começando a incomodar, de me tornar um "chiclete no sapato" ou "sai do meu pé, jacaré" (não encontrei frases melhores xD). Sabe, não consigo ver se o outro lado está afim de mim enquanto ela não pular em meus braços e me começar a me beijar - e olha que ainda fico com duvida. E com ela não foi diferente. Então sai de sua vida e tentei seguir a minha, até passar de semestre, dois anos depois, e aparecer a oportunidade de ir estudar no mesmo campus dela, de tentar comandar o meu destino. Meu corpo não sou EU. Tenho muito que mostrar mais ele é apenas uma barreira de carne com muitas barreiras psicológicas e físicas que atrapalham o meu crescimento - tanto mental quanto social.

E agora estou com medo. Medo que, em conjunto com minha preguiça, me deixa paralisado. E agora, o que eu faço ?

Isso é uma resposta que só minha psicóloga pode responder.

Sabe, está chato ficar falando só dos meus podres, do quanto sou ruim nisso e naquilo. Estou de saco cheio, mas, agora me responda, como posso falar de mim, de meus problemas, só colocando ênfase em minhas qualidades? Ver o copo meio vazio e não meio cheio? É impossível.

Wellz, agora acaba o post. Continuo o resto no próximo bimestre.

Leonardo Lobo

Ao som de: The Cure - Just Like Heaven