quarta-feira, março 30, 2005

- BEWARE - Long-Nosed Detected!

Vim aqui me despedir praticamente de vez, pois resolvi viajar para os EUA.
Essa vida que eu estou levando irá me matar mais cedo ou mais tarde. Minha mente está suplicando por uma nova vida, meu corpo está chorando para que eu comece a mudar, e eu estou jogado as traças (por assim dizer) só por ter escolhido viver a vida que tenho.
A de um vagabundo-nato.
Ainda bem que minha família não se encomoda muito com isso e continua a me sustentar... mas eu me encomodo.
Como disse em alguns posts atrás, eu não acredito em coincidências. Tudo está escrito em algum lugar, e nós somos levados até lá, sem que percebamos. E é ali que tomamos a decisão de ir ou voltar, então, entra na parada o nosso livre arbítrio e o nosso bom senso. Não existe a escolha certa ou errada, porque as consequências de cada uma vão ficar escritas na história para sempre. Então, não perca o seu tempo pensando no que fazer, faça e pense depois. Estou te falando, no final, tudo se ajeita.
Bem... continuando:
Voce acha que, a dois meses atrás, eu, no auge na minha "vagabundisse", pensaria que iria para os EUA viver com um tiozinho que só vi uma vez na vida? (há, depois eu falo mais sobre ele, entretanto, não pensem sacanagem)
Não?
Eu também.
Essa é uma daquelas escolhas que o destino lhe impõe, que o faz pensar em todas as alternativas e repostas existentes, e que sua decição irá mudar para sempre o rumo de sua vida.
Eu pensei várias vezes sobre isso. Várias mesmo. E cheguei a conclusão de que não existe nada me prendendo a este lugar, ao contrário, minha presença não é assim, tão significativa.
Então você diz: "Tá loco Leo? Se auto-desprezando? Você é meio peidado não é? E os teus amigos, parentes, vizinhas, cachorros, putinhas da esquina e o tiozinho da Coca-Cola? Como é que vão ficar?
Essa é fácil: tirando o tiozinho da Coca-Cola, o resto vão continuar com sua vida normalmente. Talvez para as putinhas eu faça falta, mas elas conseguem superar, assim como todo mundo.
Percebi que estou prendendo eles, segurando-os com uma corda, não deixando-os evoluir. Pode parecer confuso, mas pelo menos para 2 pessoas isso realmente é válido. Desculpem-me, a partir daqui o assunto é muito pessoal, então não explicarei mais. De qualquer forma, continue lendo.
Então você diz: "Sim, pode ser. mas e o tiozinho da Coca-Cola, como ele fica?
Realmente, esse vai sentir muito a minha falta. Vai até falir talvez, não antes de entrar numa depressão braba e de cometer um ou dois suicídios. Antes que você pense libertinagem da parte dele (e da minha), eu tenho que contar uma pequena historinha para vocês. É bem pequenininha.
Estava eu, andando as 2h da madrugada pela Alcindo Cacela a procura de uma loja 24 horas aberta para comprar - há, adivinhem o que - COCA-COLA, mas não encontrei nenhuma, até que, exausto, sentei na calçada para chorar, quando alguém sentou do meu lado e perguntou:
- O que aconteceu?
Meu coração gelou, e pensei: "Kct, to fudido!", porém contendo o med... digo, a timidez respondi:
- Não encontrei uma loja aberta que vende Coca-Cola, estou perdido, não vou conseguir viver mais.
- Não se preocupe criança. - Na época eu devia ter uns 18 anos - Eu tenho o que você procura. Venha, entre na minha casa.
Então, rapidamente, contra todas as regras que já foram escritas no livro: "Não fale com estranhos (e muito menos entre na casa deles)", eu entrei.
Estava muito escuro, a pouquissima luz que entrava era penerada pela cortina iluminando apenas um quadro do Michael Jackson, dando um toque ainda mais mórbido para aquele lugar. A luz do quadro refletia um pouco, daí pude perceber uma coisa enorme na minha frente e que estava num quarto pequeno, e atrás estava a porta que dava para a rua. Tentei abrir. Fechada. Ele havia trancada a porta antes mesmo que eu percebesse.
- Espere, fui lá dentro pegar a chave dessa máquina. Não se preocupe, você irá ficar bem. Tranquei a porta por causa de supostos ladrões que andam por essas ruas. de repente, escutei um estranho barulho agudo, como se uma porta fosse aberta, então no fundo do quarto uma luz, cada vez mais brilhante, apareceu. Era estranho, até que soube o que era aquilo: ele havia aberto uma geladeira e de lá, consegui ver meu objetivo, a minha última fonte de prazer, my precious: minha Coca-Cola.
Mas até hoje eu não sei o que era a coisa grande na minha frente. Por mim, que fique por isso mesmo.
- São três real e ciquenta centavos. - disse o velho, cortando aquele momento mágico que só a Disney consegue fazer igual e ainda aplicando uma punhalada no fundo do meu bolso.
(Cara de Espanto) - Tudo isso ?
- Sim, as coisas não estão faceis, sabe como é, o dolar, o FMI e os Sem-Terra. Não tá fácil sobreviver.
- Tudo bem. - disse, meu vício era maior que minha materialidade (sim, sou bastante materialista) - Tome, e me dê minha Coca-Cola.
Rapidamente retirei aquela preciosidade da mãos imundas do cafajeste sanguinário comedor de moedas. Estava satisfeito, minha noite foi salva por um estranho, e devo a ele, pois aquela noite não foi perdida. Ele me deu um copo, pegou duas cadeiras de ferro, destrancou a porta e fomos para a calçada novamente. Ele com sua bebida (uma cerveja fajunta) e eu com meu tesouro. Conversamos sobre vários asssuntos, e percebi que ele não sabia de nada, assim como ele notou que eu também não.
Foi uma longa e boa noite. Nunca conversei tanto com um estranho.
Bem, depois de um ano comprando Coca-Cola naquele absurdo preço, abriu um supermercado no lado de minha casa. Eu não pensei duas vezes, mandei um "cotoco" pro velhin fdp e fui comprar minha Coca um real mais barato. E ali, naquele Supermercado, que encontrei meu mais novo vício: Cup Noodles de Carne (marracão desidratado num copinho azul).
Ahhh, também fiz história naquele supermercado... fui o primeiro a comprar uns 10 cup noodles e algumas cocas (a doida que passa os produtos na maquininha me olhou com uma cara estranha, até eu falar que aquilo era apenas um suprimento para um suposto terremoto que venha acontecer). Aluguei uns DVDs, expulsei todo mundo de casa e tive uns dos melhores finais de semana da minha vida.


Um boneco parecido com o tiozin da Coca-Cola

Putz, escrevi tanta coisa que até esqueci o que eu tava falando. E to com preguiça de ler tudo de novo. Mah num to nem aí.
Falowz

Leonardo Lobo

PS - Pega leve ae, é a minha primeira vez que mexo com imagem, depois eu faço alguma coisa mais bonitizin.
Ps - Eu nao sei quando eu vou postar denovo, por isso, vai meus agradecimentos para todos que visitaram meu blog durante todos esses meses e aos que vão visitar sem saber que ele "acabou por um tempo". Até mais.